Então continuemos esta análise, que tal como um genuíno filme de terror tem mais de uma parte embora continue a falar da mesma coisa…rs Continuemos assim a falar do “filme do ASSASSINO COM UM GANCHO NA MÃO…” A primeira parte desta matéria se encontra em [Analisando Clássicos] – Brisa de Verão – Parte 1. Como eu dizia, o tempo passa e o atropelamento seguido de morte, provocado pelos quatro jovens de uma cidade praiana completa um ano.
Julie, nossa protagonista, que havia saído da cidade logo após o fatídico acontecimento para estudar retorna, e vemos claramente como o último verão mudou sua vida numa conversa rápida entre ela e sua mãe, quando a mesma lhe entrega uma misteriosa carta recebida dias atrás, onde veremos o título do filme explicitado de modo que acho brilhante do ponto de vista estético (na imagem que fiz questão de printar, vista acima).
À medida que Julie vai reunindo os companheiros para falar sobre o bilhete vemos as mudanças e constâncias ocorridas em um ano: como os sonhos de juventude de Helen e Ray que não se cumpriram, e a irritante hipocrisia de Barry que prossegue a mesma. Acontece a morte de Max como um “funesto aviso” (sim, ‘Leonard” morre neste filme) e um merecido quase atropelamento envolvendo Barry, também como advertência.
Então à esta altura nossos “heróis” estão especulando e nem desconfiam que o autor de seu tormento é Benjamim Willes, o mesmo homem que eles pensam ter matado. Eles pensam que se trata de alguém que conhecia David Egan, para eles o suposto atropelado… Então após a aparição até de uma irmã de David, que Julie e Helen vão visitar numa cabana no meio do nada, Julie finalmente compreende o real mistério e entende que Benjamin matou David por este ter sido responsável por um acidente que matou sua filha Susie naquela mesma curva – sim, aquela curva próxima lá do rochedo do início, aquela da “brisa de verão soturna”…
Agora entendemos que naquela primeira cena o rapaz melancólico (David Egan) estava lá pensando em sua namorada falecida num verão anterior, e foi morto um verão depois por Benjamin Willes que foi atropelado horas após na mesma noite pelo quarteto de amigos, e assim espera pela mesma estação para se vingar deles. Acho realmente um ciclo cármico bem poético este existente nesta história, tal como a trama consegue nos fazer olhar de modo totalmente diferente para uma época do ano normalmente associada somente à sol e diversão.
Sobre o como as mortes acontecem não irei detalhar todas, mas prefiro falar de alguns pontos que chamam atenção para serem analisados em duas das principais, em particular. Primeiramente gosto como o fato da arma do assassino não ser a tradicional lâmina e sim um gancho, como inclusive foi “sugerido” lá no início pelos próprios jovens que o teriam matado enquanto descantavam seu corpo. Da mesma forma é importante ver o descaso alheio representado nas mortes de Barry e de Helen.
Quanto a Barry, (personagem inclusive que não lamentei tanto ao ver morrer), a morte ocorre dentro de um teatro lotado e bem diante dos olhos de uma Helen apavorada, enquanto o resto das dezenas de pessoas presentes no evento mal entendem o que está acontecendo. Cena que demonstra não apenas a ousadia de Benjamin ao matá-lo num local com possíveis testemunhas, mas também destaca o total descaso alheio, pois até quando Helen totalmente abalada conta o ocorrido aos policiais, eles a tratam com escárnio e não lhe dão a mínima atenção.
Quero destacar também como a morte da própria Helen Shivers (sim, “Buffy” também morre neste filme) acontece numa sequência que se inicia em plena viatura policial e – após muita perseguição com sustos e adrenalina, daquelas que de fato assistimos este tipo de filme para ver – e muita luta por parte da moça, termina num beco escuro e com um desfile inteiro passando metros ao lado enquanto Benjamin executa seu funesto intento. Algo que analiso como um modo a criticar como tantas “Helens” na vida real estão sendo atacadas todos os dias após lutarem bravamente por suas vidas ou não, mas ninguém se importa…
Julie James, após ser encarada por Ben Willes – mostrando a face e sem a capa de pesca que neste filme aparece para oculta-lo em lugar da tradicional máscara – ao ouvir de seu algoz com todas as letras a razão de sua vingança, também terá sua grande cena de perseguição: dentro de um barco pesqueiro, encontrando pelo caminho os corpos dos mortos que o assassino-pescador faz questão de dar o mesmo exato tratamento que daria ao pescado. Tal epopéia ocorre de maneira brilhante no contexto de um filme com temática que envolve o mar, barcos de pesca e um pescador como assassino… E ressalto que (assim como na perseguição de Helen) a cena prende nossa respiração do primeiro ao último minuto torcendo pela mocinha… Contudo felizmente Julie e Ray sobrevivem para estrelar a continuação.
Haveria outros pontos a detalhar – como a questão social de Ray frente aos outros protagonistas ou um vislumbre da trama que o envolverá e o ligará à Ben Willes na continuação: Eu ainda sei o que vocês fizeram no verão passado… – mas como ainda temos muitas outras tramas soturnas para analisar e demonstrar pontos talvez nunca antes observados, tais como os que tentei esmiuçar aqui, deixarei os demais detalhes desta para que vocês confiram por si mesmos caso nunca tenham assistido ou revejam com outros olhos caso já conheçam e tenham visto o filme como “só mais um filme de terror com sangue e morte”. Então, que a Brisa de Verão faça você se sentir bem… E até a próximo verão… Ou melhor, a próxima postagem, ainda neste verão mesmo!