Día de los Muertos/Dia dos Mortos

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Fizemos um episódio de Spotify especial, com detalhes exclusivos  que vão além do texto, sobre esta celebração única e inesquecível! 

Nesses dias de celebração, os falecidos retornam além do túmulo. Ou seja, é a época do ano que os mortos visitam os vivos! Por essa razão, os falecidos são recebidos com uma grande festa bastante decorada. É um oportunidade de recepcioná-los em casa. As oferendas e os altares, montados nas residências, são uma forma de presenteá-los. A mesa de comida da casa é partilhada com eles, num gesto de celebrar a memória e a presença deles.

Os cemitérios são alguns dos locais mais enfeitados, por se acreditar que suas almas saem das sepulturas durante o Día de los Muertos! Há, inclusive, quem passe a noite nos cemitérios, em companhia de seus queridos entes falecidos, no dia da tradição. Em grandes piqueniques em família, que inclui também as almas dos antepassados e dos entes queridos ali sepultados.

A história da celebração pelo Dia dos mortos no México é de origem indígena e já existe desde o tempo dos astecas e dos maias. Inicialmente, a comemoração era realizada durante todo o mês de agosto. Quando os colonizadores espanhóis chegaram, ficaram chocados com os rituais. Assim, alteraram a data comemorativa para o fim de outubro e o início de novembro, de forma a fazê-la ficar mais próxima do Dia de todos os santos e do Dia de finados, celebrados pelo catolicismo nos dias 1º e 2 de novembro, respectivamente. Na tentativa de suplantar a cultura local e fazer da data uma celebração unicamente cristã. O que graças aos deuses não ocorreu completamente, e os ritos ancestrais embora tenham se adaptado e se modificado ao longo dos séculos ainda sobrevivem no modo natural e alegre como não só o Dia de los Muertos, mas outros traços na cultura mexicana em si, trata a temática da morte e o contato com seus antepassados. Desse modo, surgiu uma fusão do Día de los Muertos, com o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados.

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Essa tradição ocorre principalmente no México, mas também pode ser encontrada na região da América Central, como Guatemala, El Salvador e Honduras, e nos Estados Unidos, pela grande presença de mexicanos neste país.

Alguns historiadores apontam que essa celebração tem características que remontam a tempos antigos, tendo origem em cultos realizados pelos astecas, maias, purépechas e totonacas. Esses povos celebravam a vida de ancestrais, fazendo festividades, por meio de oferendas e farturas de comida. Os crânios dos falecidos eram guardados naquela época, como uma espécie de troféus a serem mostrados nos rituais.

O Día de los Muertos é celebrado com Calaveras, as caveiras decoradas artisticamente. Em suas origens ancestrais utilizavam-se crânios reais. Mas, ao longo dos séculos, foram adaptados para imagens simbólicas de caveiras. Há, por exemplo imagens de caveiras pintadas nos rostos ou usadas como máscara. Entretanto, há outros usos mais tradicionais, como caveiras literárias (Calaveras literarias) e caveiras de açúcar (Calaveras dulces).

Caveiras Doces

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As calaveras dulces (caveiras doces) são doces feitos com açúcar, água quente e limão, e moldados em forma de caveira.

Os doces costumam ser confeitados com diferentes cores vivas e, por vezes, apresentam um nome escrito sobre a testa.

Há duas teorias sobre esse nome: diz-se que pode ser escrito o nome do ente querido falecido a quem a caveira é oferecida ou o nome da própria pessoa que faz a oferenda. Segundo a tradição, todo aquele que oferta uma caveira de açúcar garante o seu lugar no paraíso.

Apesar de a caveira de açúcar ser a tradicional, atualmente também existem caveiras de outros ingredientes: algumas têm sabor de chocolate, outras são banhadas em mel e há até mesmo caveiras com amendoim.

Esqueletos prontos  para a Festa

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Os esqueletos costumam estar espalhados por todos os lados, desde casas até ruas. Geralmente eles estão vestidos com roupas, chapéus e adereços, como brincos e echarpes. Segundo a tradição, são eles que recepcionam as almas que vêm visitar seus entes queridos no Dia dos mortos.

Dentre a grande variedade de tipos de esqueletos, existem alguns pequenos, outros grandes e até mesmo alguns de tamanho real. É possível encontrar, inclusive, esqueletos humanos decorados.

No entanto, a maioria consiste em bonecos representativos, feitos de materiais, como papel machê, madeira e barro.

Se para algumas culturas a decoração do Dia de los muertos pode parece um pouco mórbida, para os mexicanos, os esqueletos divertidos e decorados com cores alegres podem ajudar os vivos a lidar com a morte de forma menos triste.

Um importante  filme do Día de los Muertos

Em 2017, a Disney-Pixar tornou esse dia comemorativo num filme de animação, com o nome de Coco (apelido mexicano comum para Maria do Socorro), que voi chamado em todo mundo de “Remember me” (“Lembre de Mim”), e aqui no Brasil recebeu o título de Viva – a Vida é uma Festa

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  • Em 2003, o Dia dos mortos foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
  • A celebração pelo Dia dos mortos pode durar até 7 dias. A festa costuma começar por volta do dia 26 de outubro e ir até o dia 3 de novembro.
  • Apesar de a data ser comemorada em todo o país, ela é mais tradicional nos seguintes locais: Aguas Calientes, Cidade do México, Morelos, Oaxaca, e Quintana Roo.

Oferendas nos altares e nos cemitérios

Nessa grande festa, há muitos enfeites típicos e, se você notar, alguns deles se repetem com bastante frequência. Isto acontece porque cada oferenda carrega um valor simbólico específico.

Algumas das oferendas são espalhadas pela cidade, outras são colocadas nos cemitérios e há as que servem para decorar o altar nas casas que recebem os mortos. Confira algumas delas com a simbologia que têm:

  • Papel picado: tem a representação da alegria na festividade;
  • Esqueletos com roupas: recepcionam as almas;
  • Água: um símbolo da pureza, é colocada num copo cheio para o espírito saciar sua sede;
  • Velas: trazem a luz para guiar as almas no regresso para a sua casa;
  • Comidas: entre elas, o pão dos mortos (pan de muerto), que tem o significado de ser o esqueleto do falecido;
  • Retratos da pessoa recordada: colocados na parte mais alta do altar, junto a um espelho para que o falecido possa ver o reflexo de seus parentes;
  • Objetos do agrado do falecido: caso seja uma criança, um brinquedo;
  • Flores: cravos-de-defunto (Cempasúchil), por serem consideradas flores simbólicas, que guiam os espíritos e são o portal de entrada deles para visitar os vivos.

Altar do Dia dos mortos

Altar de Muertos

O altar de muertos (altar dos mortos) pode ter de 2 a 7 níveis.

Um altar construído de forma tradicional tem 7 níveis, e cada um apresenta elementos específicos:

  • 1º nível (térreo): cruz feita de flores, sementes ou frutas.
  • 2º nível: fotografia(s) da(s) pessoa(s) falecida(s) a quem o altar é dedicado.
  • 3º nível: as frutas e também os pratos preferidos da pessoa falecida.
  • 4º nível: pan de muerto (pão dos mortos), um tipo de pão tradicional oferecido como alimento e consagração.
  • 5º nível: sal, que simboliza a purificação.
  • 6º nível: dedicado às almas do purgatório
  • 7º nível: imagem do santo de devoção da família

Além disso, também são distribuídas pelo altar as outras oferendas citadas anteriormente — incenso, velas, água, papéis coloridos perfurados com imagens, flores, caveiras de açúcar e objetos de afeição da pessoa falecida.

Flores para as almas

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(fonte da imagem: mochileiros.com)

Elas podem ser encontradas nas ruas, como que formando um tapete por onde as almas deverão caminhar até as casas dos vivos, as flores são usadas como decoração para representar a beleza e a transitoriedade da vida. Grandes arcos feitos inteiramente delas são colocados diante do altar como forma de portal de entrada para as almas passarem ao visitarem a terra.

Apesar de vários tipos de flores serem usados na decoração do Dia dos mortos, os mexicanos costumam usar alguns específicos, como a crista-de-galo, o cravo, o crisântemo e a cempasúchil — conhecida aqui como cravo-de-defunto, porém de um tipo específico.

De todas, a cempasúchil é, sem sombra de dúvidas, a flor mais emblemática dessa data comemorativa. Sua cor amarela representa o Sol que, segundo a tradição asteca, guiava as almas dos defuntos até a última morada.

Além de a própria flor ser utilizada na decoração dos altares e túmulos, suas pétalas costumam ser usadas para formar um caminho até o altar dos mortos, de forma a ajudar as almas dos entes queridos a encontrá-lo.

La Catrina

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La Catrina é uma figura bastante icônica na celebração do Día de los muertos. Foi pela primeira vez feita foi em 1910, numa criação do cartunista e ilustrador José Guadalupe Posada. Segundo o artista, sua obra tinha o objetivo de dizer: “a morte é democrática, já que, no fim das contas, loira, morena, rica ou pobre, toda a gente acaba virando caveira”.

Assim, essa caveira, com um chapéu típico francês, era uma crítica social em que se pretendia valorizar a cultura mexicana e relembrar que, na hora da morte, todos não passam de um esqueleto, de mesmo aspecto.

Posteriormente,  Catrina foi pintada por Diego Rivera, pintor e esposo de Frida Kahlo.

Catrina de Diego Rivera

A figura é a representação do esqueleto de uma dama da alta sociedade, que usa um vestido elegante e um glamoroso chapéu, típicos da aristocracia mexicana do fim do século XIX e início do século XX. Ela foi uma de várias caveiras literárias humorísticas criadas para demonstrar que todos são iguais e que as diferenças sociais não têm qualquer relevância diante da morte.

Fontes:

Conheça o Día de Muertos, a comemoração do dia de finados no México

https://www.hipercultura.com/dia-de-los-muertos-no-mexico/

https://www.todamateria.com.br/dia-muertos/