Inkubus Sukkubus – a essência pagã no rock


Por Fernanda Miranda/Essência Diletante

Já faz um tempo que não falo sobre música neste blogue, mas há uma banda em especial que me fará quebrar este jejum em pleno Halloween/Samhain e não ao acaso nesta data… Todos os anos eu sempre fico de publicar uma matéria contando a história desta banda, mas a data passa e eu não o faço… Porém enfim chegou a esperada hora! Acho que os planetas devem estar alinhados…

Em toda existência deste blogue, não podemos esquecer as raízes místicas e pagãs que o inspiram constantemente, e menos ainda na data do ano feita para de fato exaltar a toda forma de bruxaria e magia… Magia, aliás, da qual a nossa vidinha cotidiana e tão banal cada vez carece mais! Seja apenas sonoramente ou de diversas outras formas que fomos relegando ao esquecimento…

Aqui no caso hoje farei minha parte para resgatar a magia de Samhain através da magia sonora de uma banda que PRECISA ser conhecida! Uma vez que tanto sua história quanto principalmente
suas letras exaltam bastante a cultura pagã desde a já longínqua década de 90, quando professar a fé pagã ainda não era algo tão comum e as mídias que abordam a bruxaria fora de um contexto que a deprecie de alguma forma também ainda não haviam se consolidado na cultura pop e nem nas vertentes musicais.E sabendo que hoje em dia tal tendência já muda, tomando um contorno puramente ficcional e por vezes até deturpado ou demonizado … De novo! Mas enfim… Ciclos!

Inkubus Sukkubus é uma banda britânica pagã, tida como uma das bandas undergrounds mais populares do Reino Unido. Tem lançado álbuns e feito turnês desde sua formação como Incubus Succubus lá no ano de 1989 em Gloucestershire, no Reino Unido, tendo posteriormente alterado algumas letras na grafia de seu nome por questões as quais alegaram estarem ligadas à numerologia. E lá se vão mais de três gloriosas décadas de sortilégios ritualísticos em forma de música desde quando Tony McKormack (guitarra) e Adam Henderson (baixo) formaram então uma banda chamada Belas Knapp. O nome foi mudado para Incubus Succubus quando eles se juntaram a Candia Ridley, uma nítida representante da essência pagã da Deusa, nos vocais.

Para além de apenas a aparência inspirada nos ritos neopagãos, a banda se autodefine como Pagan Rock por mais que muitos sites e periódicos a mencionem apenas como “gothic rock ou gothic metal”, pois até do ponto de vista sonoro é complicado dar ao trio um rótulo pronto ao som da banda e classifica-lo tão superficialmente. Assim sendo, creio ser algo limitante encaixar a sonoridade da Inkubus Sukkubus em apenas uma única vertente do rock.

O primeiro single, “Beltaine” — que já fala demais sobre a forte orientação neopagã nas letras — e um EP correspondente, foram gravados em 1989, assim como a versão original do primeiro álbum, “Belladonna And Aconite”. Como dito antes, falar destes temas hoje pode não parecer algo tão incomum, e há de fato vários nomes dentro do rock que os abordam em uma música ou outra.
Porém, ao meu ver, a importância do Inkubus Sukkubus para a cultura pagã está exatamente na primazia em abordá-la abertamente e de forma tão predominante em sua temática bem antes da bruxaria ser de fato popular e tratada como algo do cotidiano.


A formação listada na capa do single do Beltaine é Candia nos Vocais, Tony McKormack nas Guitarras, Adam Henderson no Baixo, Jamie Gardner nos Teclados e Bob Gardner na Bateria. (Sim, o sobrenome “Gardner” está correto.) No entanto, quando a primeira prensagem do EP voltou distorcida, vários membros deixaram a banda. Tony e Candia continuaram sozinhos como um projeto de estúdio, Children Of The Moon, até 1993. O material gravado durante essa época (incluindo as primeiras versões de faixas que se tornariam clássicos do Inkubus Sukkubus) foi finalmente lançado como o álbum “Beltaine”. No final de 1993, Inkubus Sukkubus se reformou com Bob Gardner de volta à bateria, assinou com a Pagan Media, lançou a versão completa de “Belladona and Aconite” e em 1994 gravou e lançou “Wytches”, Este álbum posteriormente ficou conhecido como um álbum lendário, pois contém o que muitos fãs – esta que vos escreve inclusa — consideram como um dos melhores trabalhos da banda, e (devido a problemas com Pagan Media), rapidamente se tornou quase
impossível de obter. Contudo, apesar disto, indispensável de ser apreciado.

Foi 1995, que eles mudaram não apenas seu nome para Inkubus Sukkubus, citando as mencionadas razões numerológicas, mas também mudaram significativamente, adotando o uso de uma bateria eletrônica com algum suporte adicional de um bodhran – aquele instrumento pagão ritualístico com inspiração nos instrumentos celtas. Na mesma época em que assinaram com a Resurrection Records e lançaram o tão aguardado álbum Heartbeat of the Earth – “Batidas do coração da Terra”, certamente um título bastante significativo — no final de outubro daquele ano. O álbum foi promovido com uma turnê de sucesso onde o novo material foi recebido com entusiasmo. Os seguidores da banda cresceram e também sua fama. Eles apareceram no BBC World Service e em várias revistas europeias, americanas e do Extremo Oriente. A partir daí, uma vez no apareceu no mainstream, várias vezes recebendo tempo em rádios e com várias aparições na TV em seu currículo, principalmente ainda durante os anos noventa.

Dentre seus temas líricos e além das letras que destacam suas crenças, a banda é conhecida por canções sobre demônios, vampiros, fadas e outros temas ocultos e sobrenaturais, chamando assim a atenção não apenas de pagãos, mas também de muitas figuras ligadas ao vampirismo inclusive no Brasil, uma vez que é um tema também tão recorrente quanto a própria bruxaria em suas letras. Há quem diga que por suas canções amplamente inspiradas por seu interesse e prática de bruxaria, eles possuam certa notoriedade e status underground como a “voz do paganismo moderno”. Dentre os títulos traduzidos de seus álbuns podemos destacar, além dos já supracitados: “Bruxa Rainha”, “Ciência e Natureza”, “A Deusa Negra”, “Mãe Lua”, “Mulher Wikka”, “Contos de Feitiçaria e maravilha”, “Rainha Vampira”.

Felizmente, tivemos o lançamento de um novo album este ano, o qual ainda mantém muito da sonoridade mais clássica da banda, e essa continuidade na qualidade musical hoje em dia se tornou coisa rara de se ver em artistas de todos os estilos, mas aqui ela é notória, e vale a pena a conferida…

 

Abaixo encerro com minhas traduções favoritas de letras da banda Que são do MELHOR ÁLBUM não apenas para mim, mas para muitos fãs… Tanto que, tendo sido originalmente lançado em 1993 ele ganhou uma versão remasterizada em 2011, a qual também deixo aqui… Pois é um álbum que trás muito da atmosfera da qual falei ao longo de toda matéria…

FELIZ SAMHAIN!!! 

“Do oeste vem a antiga morte
Cavalgando na tempestade
Com os olhos famintos por incêndios funerais
Para queimar até o amanhecer do dia seguinte
Para essa noite, ai vem os mortos
Não consolidados do Submundo
E as crianças se vestem como as crianças do Inferno
Todos os meninos e as meninas
E o fogo arderá
E a roda da vida irá girar
E os mortos voltam para casa em Samhain
E no céu noturno
Na luz lunar eles voam

E os mortos voltam para casa em Samhain
No ápice do Sabbat na montanha do Funeral
Aguarde as bruxas na festa
Para o primeiro dia do Inverno
O primeiro Sol do Inverno
Surgido do Oeste
A morte chegou para o verão
E para levar as folhas da primavera
Hecate, Nemesis, a Mãe das Trevas nos levará”
(Tradução de “Samhain”, banda Inkubus Sukkubus)

“Sinto você se aproximar
E não mostrarei medo
Nenhum prazer me é negado
Uma fome cresce dentro de mim
Preciso de seus beijos de fogo
Emocione-me com seu toque de gelo
Que amante mortal
Esperaria dar tanto a uma mulher?
Amante dos sonhos, amante dos sonhos
Enganador, assistente
Amante dos sonhos, irmão negro
Abrirei minha alma para me dar por completo
A cobiça do homem não conhece limites
Sua crueldade não tem fim
Sinto desejo como você
Então por que isso precisa te ofender?
Não fale suas palavras de ira
Atos carnais pelo desejo do diabo
Não ouço suas acusações
Alguém me deu a pílula da felicidade.”
(Tradução de “Incubus”, banda Inkubus Sukkubus)

“Belladona e acónito
Dá-me o dom de voar
Leva-me para cima, para o ar na noite
Num sonho, pelo céu
A cem milhões de quilómetros de altura
Levai-me sempre em frente na noite

Irmãs negras juntam-se ao meu voo noturno
Vejam até onde conseguem subir
O caule está connosco nesta noite brilhante
Cavalguem com ele pelo céu

Como uma horda gritante
Cortamos o caminho
A Maçã do Diabo exacerba-se
Para o sabbat num corcel demoníaco eu cavalgo
No plano astral corremos
O universo os meus dedos traçam
E eu estou perdida para sempre na minha mente”

(Tradução de “Belladonna And Aconite”, banda Inkubus Sukkubus)

 

Site oficial: http://www.inkubussukkubus.com